Após 3 semanas de sangria no governo, crise na base aliada e derrotas dentro e fora do Congresso Nacional, eis que a presidente Dilma finalmente resolve dar um basta nessa crise.
Segundo revelado pela imprensa, Palocci estava irredutível nos últimos dias: Só iria sair se a própria presidente o demitisse, não iria renunciar ao cargo de livre vontade. Essa sua decisão é mais que razoável e de fácil entendimento.
Em 2006, em pleno ano eleitoral em que Lula, embora muito desgastado com o escândalo do mensalão, decidiu pleitear um novo mandato presidencial. Foi nessa época em que veio a tona o chamado Escândalo do Caseiro Francenildo. Este foi ao Congresso dar depoimento de via com freqüência Palocci em uma casa onde negócios pouco republicanos ocorriam.
Usando da velha tática de se defender contra-atacando, o Ministério da Fazenda foi acusado de violar o sigilo bancário do caseiro. Os acessos foram para achar algo que trouxesse desconfiança aos interesses do caseiro de entregar Palocci.
Nesse período, tal como agora, uma grave crise política ocorreu e minou as atividades do governo, para dar fim a crise, Palocci renunciou ao cargo e mais tarde – 3 anos depois – foi absolvido desse escândalo pelo STF.
Isso certamente muito traumatizou Palocci, já que ele era o grande nome da sucessão ao presidente Lula. Portanto, mais uma vez ocorreu o que vimos na Era Lula, o homem-forte do governo, apesar de todas as suas qualidades e bom trânsito entre tantos segmentos, cai em meio a escândalos em que a sua ética fora questionada.
Palocci sai do governo sem conseguir explicar de forma convincente algo que foi levantado pela Folha de S. Paulo e que deu origem a toda essa crise no tão recente governo Dilma: Como conseguiu aumentar em 20 vezes o patrimônio em quatro anos?
Palocci demorou muito para dar respostas, evitou a imprensa durante vários dias e quando resolveu falar, foi muito genérico e apenas alegou atuar dentro da legalidade e pediu boa fé ao povo brasileiro.
Suas explicações só pioraram sua situação e sua queda virou questão de tempo. No fim de semana, Dilma já pensava em quem iria substituí-lo. Entretanto, para evitar que Palocci ficasse ainda mais sob suspeita, restava esperar a decisão do procurador-geral da República, sobre as representações apresentadas pela oposição.
Tendo o procurador decidido nesta segunda-feira pelo arquivamento alegando falta de indícios para investigação criminal, Dilma já podia discutir mais tranqüilamente a substituição de Palocci, que ocorreu um dia após a manifestação da Procuradoria.
Palocci pediu demissão no fim da noite, ao que a presidente de pronto aceitou e indicou sua sucessora na pasta, a senadora Gleise Hoffmann. Ela estava apenas a 5 meses, mais ou menos, no Senado Federal. Disputou duas outras eleições: uma vez para o Senado, outra para a prefeitura de Curitiba, perdeu em ambas.
Mas o que Dilma quer de Gleisi não é sua experiência como política em si, mas sim sua capacidade de gestão. Sob o governo Lula, Gleisi foi indicada para assumir a Itaipu, e também já foi secretário em um governo e uma prefeitura. A nova chefe da casa civil também tem especializações na área de gestão pública, além de ser formada em direito.
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